Vettel, o mau caráter (Uma história sobre a Lei de Gérson)
Caso já tenham percebido ao assistir ao comerciais que tem passado no Brasil há um muito bom que é o do novo Palio (Fiat).
O primeiro a ser divulgado é um grupo de torcedores em um carro indo a um jogo decisivo e o dono do carro resolve prometer tomar banho pelado no rio. Ao que todos os outros dizem o bordão TAMO JUNTO! TAMO JUNTO! No fim, após o título o motorista aparece saindo sozinho do rio.
O segundo são duas velhinhas conversando quando uma confessa que o filho recém-casado vai se separar da esposa por motivos de: chifre. Ela pede confidencialidade e a amiga responde TAMO JUNTO! TAMO JUNTO, NEIDE! NO fim, a “amiga” conta para todos que o filho da Neide é corno.
E por fim vem o slogan do produto. JUNTO MESMO SÓ O NOVO PALIO.
Na madrugada desse domingo houve o GP da Malásia de Fórmula 1 e o vencedor foi o alemão Sebastian Vettel. Mas houve muita discussão acerca da sua decisão de ultrapassar o seu companheiro de equipe contra a vontade da Reb Bull.
Explicando: após quatro pitstops e faltando pouco mais de 10 voltas para o fim da corrida. Webber estava em primeiro e Vettel em segundo. O chefe da equipe, Christian Horner, decidiu que essas posições deveriam ser mantidas e ordenou aos engenheiros que comunicassem os pilotos.
Webber recebeu a ordem de cortar “dois cilindros” para poupar gasolina, pneus e o motor do carro. Vettel recebeu a mesma ordem. Webber decidiu obedecer. Vettel então disse TAMO JUNTO! TAMO JUNTO! E não obedeceu.
A ultrapassagem do alemão no australiano foi LINDA! Sensacional para qualquer apaixonado por corridas de carro, mas naquele momento a RedBull do Webber tinha potencia equivalente a Marussia ou a Caterham. FOI DESLEAL. MAU CARATISMO.
Vettel em nenhum momento disse ao rádio que não obedeceria. Ele tirou qualquer possibilidade do Webber se defender. Os que defendem que a pista que deve decidir e APOIARAM a decisão de Vettel devem estar ENVERGONHADOS.
Para ser uma disputa justa Vettel deveria ter dito que não iria obedecer. O que faria com que o engenheiro do Webber repassasse a informação ao australiano. Logo, os dois carros teriam sua potência normal na pista. E sim veríamos uma disputa BONITA.
O alemão venceu. É o vilão. Mas ninguém critica o tricampeão com cara de bom moço. E o australiano segue sendo humilhado por razões extra-pista. O próprio piloto admitiu seu ROUBO. Sua MALANDRAGEM.
Vettel pediu desculpas, também na frente do companheiro e das arquibancadas. “Cometi um grande erro hoje. A vitória deveria ser do Mark. Se eu pudesse desfazer o que fiz, faria isso. Sou a ovelha negra e me coloquei nessa posição.”
E quem defende essa atitude do Vettel é um exímio seguidor da famosa “Lei de Gérson” em que deve-se tirar vantagem de tudo. Deve ser o mesmo cara que fura as filas, não dá lugar a idosos e gestantes nos ônibus e metrôs, que estaciona em vaga proibida, que não paga impostos, que atira sinalizadores nos outros e confia que nunca será punido por seus atos.
A Fórmula 1 é só um esporte (para muitos nem chega a ser isso), mas reflete claramente o grande “mau caráter” que é o ser humano. Mas no fim o TAMO JUNTO! TAMO JUNTO! segue sendo reproduzido e não cumprido.
A sorte de Alonso
Às vezes falta uma pitada de sorte para muitos profissionais talentosos, mas para Fernando Alonso isso nunca foi problema. O espanhol, pelo contrário, foi lembrado diversas vezes como sendo um dos pilotos mais sortudos de sua geração, mas nesse domingo a sorte o abandonou.
Ao ser tirado da corrida logo na primeira curva após um strike feito por Romain Grosjean que tirou da corrida também Perez e Hamilton, além de estragar a vida de Kobayashi que largava em segundo.
Alonso agora só poderia torcer contra Mark Webber e Sebastian Vettel, mas a sorte não estava com ele na Bélgica. O alemão que tem feito uma temporada abaixo das duas últimas gosta de aproveitar os vacilos dos adversários e chegou em segundo diminuindo a diferença para 24 pontos do líder espanhol.
A confortável margem de erro do espanhol foi para o espaço, já que a Ferrari e o próprio assumem que seu carro não é o mais veloz e não está nem perto disso. Outro erro – ou falta de sorte – pode ser fatal para o tricampeonato de Alonso.
Menos mal que o melhor carro no momento seja a McLaren de Hamilton e Button que estão a 44 e 63 pontos de distância, respectivamente. Parece muito, mas ainda faltam oito provas para o final do campeonato e tudo pode acontecer.
Kimi Raikkonen conquistou o seu quarto pódio nas últimas cinco corridas e já igualou o espanhol em número de pódios na temporada, seis. Apesar de não vencer ainda no ano, o finlandês tem mostrado uma regularidade impressionante e está em quarto com 33 pontos a menos que Alonso. Parece ser uma ameaça maior que Webber que tem um ponto a mais. Vale ressaltar a grande ultrapassagem dele sobre Schumacher na subida da Eau Rouge.
Monza, aparentemente, será território inglês no próximo fim de semana. As McLaren costumam se dar bem em pistas de alta e parecem ter voltado com tudo das “férias” de agosto. Correndo na Itália, a Ferrari costuma ir bem e Alonso idem. Será que a sorte voltará para Fernandinho?
Ps. Grosjean foi suspenso por uma prova pela FIA. Quem será seu substituto na Lotus em Monza?